UM ACRÍLICO
Insiste em borrar de branca espuma o dia a dia
Talvez O ar O sal A maresia Ao olho sobe-lhe
algum acidente cinza Lajedo e alicerce
[amplidão de pedra]
Desenha à tinta a tinta O jornal diário O asfalto
Toda a claridade Toda viagem O sarrabulho
O cheiro dos marujos febris suas vagas espumantes
Agigantam-se as bolhas As cores na superfície
As louças de primavera à proa desvanecem sob
o lodo As plantas plásticas As pedrinhas do aquário
[realidade do peixe]
A frota de Cabral – Sua dor atravessa a sala, o aquário
E vem morrer numa tela pós moderna Acrílica –
Fiz essa pintura pra ti meu coraçãozinho
Nela pintei também nosso sexo na praia Seus seios
[Seu gozo]
=o você que fez a imagem?
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