segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Pés

Foto by Cinunes

Um par de pés e planta,

A planta o pé e pé.

Em pé a planta empena,

Plana é a planta do pé


Pena o pé pisar a planta,

Plena é planta posta em pé.

A planta do pé é plana?

E quem diz que planta é pé?

terça-feira, 24 de agosto de 2010

OS SAPATINHOS DE PABLITO




Pelas ruelas de Pamplona.

De repente a multidão

apressa o passo e corre-corre.

Lá as pessoas se perdem, se medram.


Juan Pablo perde seus

sapatinhos branquitos, seu pai.

O Pai perde Pablito, seu filho pequenito,

Seu chapéu de feltro.


Na festa de São Firmino a rua é o mar, Pablito é o menino.

Chapéus e sapatos são acessórios – os touros não.


A maré enche, as pessoas e o corre-corre - depois se vão.

Tudo se vai à maré cheia. Devagar tudo se vai.

Vagarosamente, Um touro ainda passeia por lá.

Os sapatinho de Pablito, os restos de areia ainda medram no meio fio,

[Na festa de São Firmino]


sábado, 24 de julho de 2010

UM ACRÍLICO


UM ACRÍLICO


Insiste em borrar de branca espuma o dia a dia

Talvez O ar O sal A maresia Ao olho sobe-lhe

algum acidente cinza Lajedo e alicerce

[amplidão de pedra]

Desenha à tinta a tinta O jornal diário O asfalto

Toda a claridade Toda viagem O sarrabulho

O cheiro dos marujos febris suas vagas espumantes

[são cores]

Agigantam-se as bolhas As cores na superfície

As louças de primavera à proa desvanecem sob

o lodo As plantas plásticas As pedrinhas do aquário

[realidade do peixe]

A frota de Cabral – Sua dor atravessa a sala, o aquário

E vem morrer numa tela pós moderna Acrílica –

Fiz essa pintura pra ti meu coraçãozinho

Nela pintei também nosso sexo na praia Seus seios

[Seu gozo]