Foto by Cinunes
Um par de pés e planta,
A planta o pé e pé.
Em pé a planta empena,
Plana é a planta do pé
Pena o pé pisar a planta,
Plena é planta posta em pé.
A planta do pé é plana?
E quem diz que planta é pé?
Pelas ruelas de Pamplona.
De repente a multidão
apressa o passo e corre-corre.
Lá as pessoas se perdem, se medram.
Juan Pablo perde seus
sapatinhos branquitos, seu pai.
O Pai perde Pablito, seu filho pequenito,
Seu chapéu de feltro.
Na festa de São Firmino a rua é o mar, Pablito é o menino.
Chapéus e sapatos são acessórios – os touros não.
A maré enche, as pessoas e o corre-corre - depois se vão.
Tudo se vai à maré cheia. Devagar tudo se vai.
Vagarosamente, Um touro ainda passeia por lá.
Os sapatinho de Pablito, os restos de areia ainda medram no meio fio,
[Na festa de São Firmino]
UM ACRÍLICO
Insiste em borrar de branca espuma o dia a dia
Talvez O ar O sal A maresia Ao olho sobe-lhe
algum acidente cinza Lajedo e alicerce
[amplidão de pedra]
Desenha à tinta a tinta O jornal diário O asfalto
Toda a claridade Toda viagem O sarrabulho
O cheiro dos marujos febris suas vagas espumantes
Agigantam-se as bolhas As cores na superfície
As louças de primavera à proa desvanecem sob
o lodo As plantas plásticas As pedrinhas do aquário
[realidade do peixe]
A frota de Cabral – Sua dor atravessa a sala, o aquário
E vem morrer numa tela pós moderna Acrílica –
Fiz essa pintura pra ti meu coraçãozinho
Nela pintei também nosso sexo na praia Seus seios
[Seu gozo]